Sim, o homem pode perturbar as aves migratórias em praias!
Isto é o que descobrimos no estudo "Coexistência entre aves migratórias costeiras Neárticas-Neotropicais e humanos nas praias do Hemisfério Sul: um desafio atual de conservação em países em desenvolvimento" publicado no eriódico Urban Ecossystems 18: 285-291. A chegada de aves costeiras migratórias em praias urbanas de países em desenvolvimento é um desafio atual para a proteção destas aves. As aves migratórias Neárticas-Neotropicais dependem de locais de descanso e alimentação durantes suas paradas em áreas de invernada no Hemifério Sul para adquirir energia suficiente para completar seus ciclios migratórios. Por outro lado, cidades no Hemifério Sul estão crescendo rapidamente, o que resulta no aumento de competição por espaço entre pessoas e aves, como atualmente ocorre em áreas de praias. Os resultados deste artigo mostraram que a probabilidade de ocorrência de aves Neotropicais diminuíram quanto maior o número de pessoas em amostras de áreas de praias com 20 m de raio. Quando o número de pessoas excedeu 20 nestas mesmas amostras, a probabilidade de ocorrência de aves foi quase nula. Materiais educacionais, tal como imagens e textos referentes à história natural de espécies de aves migratórias, a importância destas aves para a cadeia alimentar, e maneiras para prevenir perturbação por pessoas, pode ser disponibilizado para a população em praias. Agências governamentais e tomadores de decisões poderiam também desenvolver leis que limitam a aproximação demasiada de pessoas em relação às aves (p. ex. 20 m de distância). Segmentos de praias de 0.5–1 km poderiam ser fechados para recreacionistas e assim servirem com locais de abastecimentos durante o período crítico de ocorrência anual destas aves (novembro a abril). Adicionalmente, atividades de observação de aves poderiam ser encorajadas como uma opção recreativa e plataformas de observação poderiam ser instaladas em praias, assim evitando este contato muito próximo entre humanos e aves. Para alcançar sucesso, as atividades de manejo para a conservação de aves necessitam de participação ativa do governo e cidadãos.